Friday, June 6, 2014

A prevenção das doenças do sistema circulatório

A prevenção das doenças do sistema circulatório

A prevenção das doenças do sistema circulatório relacionadas ao trabalho está baseada nos procedimentos
de vigilância em saúde do trabalhador, vigilância epidemiológica dos agravos à saúde e vigilância dos ambientes e
condições de trabalho. Utiliza conhecimentos médico-clínicos, de antropologia, epidemiologia, higiene ocupacional,
toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outras disciplinas, valoriza a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho
e a saúde e considera as normas técnicas e regulamentos vigentes. Esses procedimentos podem ser resumidos em:
- reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes
físicos e/ou biológicos, formas de organização e relações de trabalho potencialmente causadores de
doença;
- identificação dos agravos ou danos potenciais e reais para a saúde, decorrentes da exposição aos
fatores de risco;
- identificação e proposição de medidas que devem ser adotadas para eliminação ou controle da exposição
aos fatores de risco e para promoção e proteção da saúde dos trabalhadores;
- educação e informação aos trabalhadores.
A partir da confirmação do diagnóstico da doença e de sua relação com o trabalho, seguindo os procedimentos
descritos no capítulo 2, os serviços de saúde responsáveis pela atenção aos trabalhadores devem implementar as
seguintes ações:
- avaliação da necessidade de afastamento (temporário ou permanente) do trabalhador da exposição,
do setor de trabalho ou do trabalho como um todo;
- se o trabalhador é segurado pelo SAT da Previdência Social, solicitar a emissão da CAT à empresa,
preencher o LEM da CAT e encaminhar ao INSS. Em caso de recusa de emissão da CAT pela empresa,
o médico assistente (ou serviço médico) deve fazê-lo;
- acompanhamento e registro da evolução do caso, particularmente se há agravamento da situação
clínica com o retorno ao trabalho;
- notificação do agravo ao sistema de informação de morbidade do SUS, à DRT/MTE e ao sindicato da
categoria;
- ações de vigilância epidemiológica visando à identificação de outros casos, por meio da busca ativa na
mesma empresa ou ambiente de trabalho ou em outras empresas do mesmo ramo de atividade na
área geográfica;
- inspeção na empresa ou ambiente de trabalho de origem do paciente ou em empresas do mesmo ramo
de atividade na área geográfica, procurando identificar os fatores de risco para a saúde e as medidas
de proteção coletiva e equipamentos de proteção individual utilizados. Se necessário, complementar a
identificação do agente (químico, físico ou biológico) e das condições de trabalho determinantes do
agravo e de outros fatores de risco que podem estar contribuindo para a ocorrência;
- recomendação ao empregador quanto às medidas de proteção e controle a serem adotadas, informando-
as aos trabalhadores.
As medidas de promoção, proteção da saúde e prevenção das doenças do sistema circulatório relacionadas
ao trabalho estão baseadas, além da mudança para um estilo de vida mais saudável, em:
- adoção de práticas de uso seguro de substâncias químicas e de outros agentes agressores presentes
no ambiente de trabalho;
- controle dos fatores relacionados à organização e gestão do trabalho geradores de estresse e de
sobrecarga psicofisiológica.
O controle da exposição a substâncias químicas e a outros fatores de risco físico e mecânico deve ser feito
a partir de medidas de engenharia e higiene industrial, que incluem:
- substituição do agente, substância ou tecnologia de trabalho por outros mais seguros, menos tóxicos
ou lesivos;
- isolamento do agente físico ou substância química, por meio de enclausuramento do processo,
suprimindo ou reduzindo a exposição no tempo ou no espaço;
- adoção de medidas de higiene ocupacional, como implantação e manutenção de sistemas de ventilação
local exaustora adequados e eficientes, capelas de exaustão, controle de vazamentos e incidentes
mediante manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos;
- monitoramento ambiental sistemático;
- adoção de sistemas operacionais e de trabalho seguros, como, por exemplo, classificação e rotulagem
das substâncias químicas, segundo propriedades toxicológicas e toxicidade, e sistemas de transporte
adequados;
- diminuição do tempo de exposição e do número de trabalhadores expostos;
- facilidades para a higiene pessoal (instalações sanitárias adequadas, banheiros, chuveiros, pias com
água limpa, corrente e em abundância; vestuário adequado e limpo diariamente);
- informação e comunicação dos riscos aos trabalhadores;
- utilização de equipamentos de proteção individual, especialmente óculos e máscaras adequadas a
cada tipo de exposição, de modo complementar às medidas de proteção coletiva.
As intervenções sobre a organização do trabalho são mais eficazes, porém mais complexas, pois geralmente
entram em conflito com as exigências da produção. Os profissionais de saúde e os responsáveis pelo gerenciamento
de recursos humanos nas empresas têm sido desafiados a reduzir o estresse, por meio de mudanças na forma de
organização e gestão do trabalho. Com tal sentido, propõe-se:
- propiciar maior autonomia aos trabalhadores sobre as formas de trabalhar;
- diminuir as pressões de ritmo e exigências de produtividade sobre os trabalhadores, com introdução de
pausas em ambientes adequados;
- estabelecer o rodízio e enriquecimento das tarefas nos trabalhos monótonos, isolados e repetitivos;
- reduzir e/ou adequar os esquemas de trabalho e turno;
- aumentar a participação dos trabalhadores nos processos de decisão e gestão;
- melhorar as relações interpessoais de trabalho, substituindo a competição pela cooperação.
Também são importantes os procedimentos visando à identificação precoce dos problemas ou danos à saúde decorrentes
da exposição aos fatores de risco e o desenvolvimento de ações de promoção da saúde para a formação de hábitos de
vida mais saudáveis. Na atualidade, particularmente no âmbito das grandes corporações,
têm sido implementados programas denominados de
Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, que buscam atuar sobre os fatores de
estresse relacionado ao trabalho.
A vigilância ou o controle médico, desenvolvidos por meio dos exames pré-admissionais, periódicos e
demissionais que integram o PCMSO, visam ao diagnóstico precoce da doença e constituem um momento privilegiado
para orientação e troca de informações e conhecimento com os trabalhadores. Além do exame médico-clínico, podem
ser necessários exames complementares definidos a partir dos fatores de risco aos quais o trabalhador está exposto e
da monitorização biológica das exposições.



Fonte: Doenças do Trabalho

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